Serra da Canastra: onde a natureza encontra a gastronomia
A Serra da Canastra em Minas Gerais é um pedaço do paraíso que reúne paisagens deslumbrantes e sabores inesquecíveis
Assim que o sol nasce no horizonte e pinta o céu em tons de laranja, ela se revela majestosa. A Serra da Canastra, em Minas Gerais, se estende por alguns municípios e atrai milhares de turistas todos os anos. As trilhas, as cachoeiras, a vegetação, a fauna e a gastronomia formam um combo perfeito para aqueles que querem se conectar com a natureza e aproveitar os sabores que só existem nesse lugar.
“A água que brota dos montes parece um cristal, sorrateira, vira cachoeira e um cartão-postal”, diz a letra da música “Minas Gerais” de João Lucas e Diogo. Em 1972, foi criado o Parque Nacional da Serra da Canastra. É nele que está a nascente do maior rio totalmente brasileiro: o São Francisco com cerca de 2,8 mil quilômetros de extensão. O parque abrange os municípios mineiros de Vargem Bonita, São Roque de Minas, São João Batista do Glória, Sacramento, Delfinópolis e Capitólio.
Minas Gerais ficou conhecida pelo ouro e pedras preciosas que brotavam facilmente em seu solo. Contudo, quando se fala em Minas, falamos de uma vegetação surpreendente, que colore os campos e encostas com flores das mais variadas espécies. Falamos de uma fauna diversa, desde minúsculos insetos a aves e mamíferos imponentes. Minas é a água que jorra na nascente e escorre até despencar em um paredão formando uma linda cachoeira, é o queijo que precisa do tempo para curar, é o céu estrelado, o vento que sopra nas campinas, é o sorriso de quem acolhe na chegada e o abraço que consola na partida. Minas Gerais é como a casa da gente, com aquele cantinho preferido que transmite uma paz que só quem sente pode descrever. Vamos conhecer alguns lugares deste “estado diamante” como canta Paula Fernandes?
Mar de Minas
Conhecida como a “rainha dos lagos”, Capitólio (MG) é banhada pelo lago de Furnas, um reservatório com 1.440 km², cerca de quatro vezes maior que a baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Conhecido como o “mar de Minas”, o lago tem cânions com paredões de pedra e quedas d´águas formadas por rios e riachos que caem diretamente nele formando cachoeiras. Capitólio conta ainda com piscinas naturais e até uma praia artificial que disponibiliza quadras esportivas, calçadão e palco para shows. A cachoeira da Lagoa Azul é uma das mais conhecidas e visitadas. Passeios de chalana pela região são outro atrativo e duram cerca de três horas, a depender da empresa que você contratar. A cachoeira do cânion também é outra que merece uma visita.
Mas se sua vibe é ver tudo do alto, o Morro do Chapéu tem um mirante que permite ao turista observar a paisagem natural a mais de 1,2 mil metros de altura. Já no balneário Escarpas do Lago, o visitante encontra várias opções de diversão. Trilhas próximas à cidade são uma opção para quem gosta de estar pertinho da natureza.
Parque Nacional da Serra da Canastra
Se você já ouviu falar em queijo da Canastra, saiba que São Roque de Minas é famosa pela produção deste queijo artesanal há mais de um século. Porém, nem só de queijo vive a cidade. Próximo a sua área urbana, existem diversas cachoeiras, já que o município é a porta de entrada para o Parque Nacional da Serra da Canastra. A cachoeira do Fundão fica a aproximadamente 58 quilômetros de São Roque e é uma das mais altas da Serra da Canastra, com 90 metros de queda livre, formando uma piscina natural de águas verdes e cristalinas. Já a cachoeira Casca D`anta, a cerca de 38 quilômetros da sede de São Roque de Minas, é o principal atrativo do Parque Nacional. Ela é formada pelas águas do rio São Francisco e tem 186 metros de altura, tornando-a a primeira e maior queda do Velho Chico. Na época das chuvas, o volume de água na vazão pode chegar a 8 mil litros por segundo.
O Complexo Capão Forro conta com cinco cachoeiras no total. Uma delas é a Cachoeira da Mata, ideal para se refrescar nas águas cristalinas, já que uma piscina natural se forma no local. Ela é bem próxima à cidade, cerca de 6 quilômetros e com fácil acesso. Outras cachoeiras que valem a visita são as cachoeiras Lavra e Lavrinha que ficam a cerca de 10 quilômetros de São José do Barreiro e 26 quilômetros de São Roque de Minas. Para chegar a Lavra é preciso caminhar por 40 minutos em trilha com subidas e descidas. A queda tem quase 20 metros de altura, com um bom poço para banho. A Lavrinha fica em direção oposta e exige 20 minutos de caminhada. Tem queda mais alta, porém com volume de água menor.
Trilhas
Outro município repleto de belezas naturais de encher os olhos é Delfinópolis. Trilhas como a da Casinha Branca, Pico Dois Irmãos, Chora Mulher, Galheiros e Caminho do Céu, vales, serras como a famosa Canastra e a vizinha Serra da Babilônia, e muitas cachoeiras de águas cristalinas fazem a alegria de moradores e visitantes.
Não se engane pensando que são apenas atividades para serem feitas a pé que existem por lá. Passeios com veículos quatro por quatro, motos ou bicicletas também estão disponíveis. Escaladas, rapel e cascading (rapel na queda d ‘água) fazem a alegria dos turistas. E se você gosta de artesanato, se prepare para se encantar com pinturas, bordados, colchas e muito mais neste pedacinho de Minas.
Natureza e história
Os apaixonados em cavernas vão se encantar pela Gruta dos Palhares, no Parque Municipal que recebe o mesmo nome e fica a cerca de 10 quilômetros do centro da cidade. O complexo turístico foi construído em torno da gruta, uma formação geológica ímpar em Arenito Botucatu. Com 22 metros de altura, a gruta é uma das principais atrações turísticas de Sacramento. No seu salão principal, ela abriga centenas de ninhos de maritacas, andorinhas e outras aves. Por questões de segurança, o interior da caverna só pode ser visitado e estudado com autorização especial. Na frente da caverna, existem instalações para uso público, como: piscinas, restaurante, lanchonete, além de um grande espaço arborizado para descanso.
Na cidade, o turista pode ainda visitar a Igreja Matriz, o Museu Histórico que possui aproximadamente 500 peças que contam a história do município, o Centro Espírita Eurípedes Barsanulfo, que é a casa onde residiu o médium Eurípedes Barsanulfo, referência do espiritismo no Brasil, a Estação dos Bondes Elétricos e a Usina Cajuru.
Cachoeiras de águas cristalinas
São João Batista do Glória é um município que fica do ladinho da Serra da Canastra. Com inúmeras cachoeiras, cânions, lagos e ribeirões com águas limpas e cristalinas em meio às montanhas, vales e serras, a região é um cenário ideal para quem não dispensa a prática de atividades físicas, esportes e contemplação da natureza.
Entre as atrações de São João do Glória estão o Chapadão da Babilônia e o Vale da Babilônia, de onde é possível apreciar a paisagem natural. Outro ponto do município que vale a visita é o Paraíso Perdido, um complexo de cachoeiras de águas cristalinas. A formação rochosa revela tobogãs naturais e piscinas. Não se preocupe, pois o Paraíso Perdido tem área de camping, banheiros e restaurante que serve comida com aquele sabor característico de Minas Gerais. Como são muitas as opções de passeios, é aconselhável que se contrate o serviço de um guia local.
Trekking de altitude
O município é um dos pontos de partida para os visitantes chegarem à cachoeira Casca d’Anta. Outras cachoeiras como Lavra, Usina, Capivara, Tião Bentinho e Lavrinha também podem ser acessadas de Vargem Bonita. Quem gosta de trekking, o caminho de subida para a Serra Brava é uma ótima opção e leva o turista a 1,5 mil metros de altitude.
Serra da Canastra! Um lugar para se conectar com a natureza, observar as paisagens, se refrescar em uma cachoeira e curtir um momento só seu. Um local com vida por todos os lados, perfeito para brincar de descobrir desenhos nas nuvens, sentir a brisa bater no rosto e bagunçar os cabelos, ouvir o canto dos pássaros e simplesmente contemplar e agradecer por poder viver tudo isso de perto.
Queijo da Canastra
Só pode receber o nome de queijo da Canastra aqueles que são produzidos nesta região. E o motivo é simples! Queijo da Canastra não é um tipo, mas é o queijo produzido com leite cru (não pasteurizado), de forma artesanal seguindo a tradição de mais de 200 anos. Essa iguaria mineira passa por um processo de maturação no qual bactérias boas transformam o queijo fresco em curado e dão o sabor característico. Esse processo de cura não para, mesmo depois que o queijo sai da queijaria. Por isso, cada peça é única, de sabor marcante e arrebatador. O clima, o pasto e a água da Serra da Canastra contribuem para que o resultado final do queijo seja um produto denso e encorpado.
São cerca de 800 produtores queijeiros espalhados pelos municípios que compõem a região da Serra da Canastra. O queijo é levado tão a sério que existe a Associação dos Produtores de Queijo Canastra (Aprocan), com sede no município de São Roque de Minas. A etiqueta do queijo garante a indicação de procedência, ou seja, que o queijo é um legítimo “Canastra”, que de tão importante, ganhou em 2008 o título do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) de patrimônio cultural e imaterial brasileiro.
Processos do queijo
Assim que é produzido, o queijo recebe o nome de “queijo fresco”. De textura macia, a massa derrete ao entrar em contato com a boca, proporcionando um deleite em quem experimenta. Nesse estágio, ele vai bem com doce de leite, goiabada ou outro de sua preferência.
Se colocado em ambiente fresco e arejado e for virado com constância, em cerca de dez dias surge o queijo meia cura, perfeito para ser consumido com um café coado na hora ou ainda com uma goiabada cascão.
Com mais de 20 dias de maturação, temos o queijo curado. De sabor intenso, é perfeito para acompanhar vinhos e aquela cerveja especial. Atualmente, é o único que pode ser vendido com o selo IP Canastra.
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