“Melhor do que nos filmes” encanta por sua delicadeza [RESENHA]
O charme da narrativa clichê é a força de “Melhor do que nos filmes”, livro que chegou ao Brasil pela Editora Intrínseca
Mês de junho é mês de amor e paixão – graças ao Dia dos Namorados, comemorado em 12 de junho -, e uma narrativa clichê é sempre uma boa alternativa para deixar o coração quentinho. Por isso, para quem gosta de se aventurar em um livro delicado, “Melhor do que nos filmes” é uma opção super interessante e que vale a pena conhecer.
Indicada na seção de “Literatura“, da revista de bordo da Levare, “Melhor do que nos filmes“, da escritora Lynn Painter, é uma obra literária aconchegante e encantadora, cheia de referências à cultura pop e aos clássicos filmes de romance.
Best-seller do jornal The New York Times e do USA Today, o livro foi um dos títulos que caiu no gosto do BookTok (comunidade de leitura do TikTok) e chegou ao Brasil pela Editora Intrínseca. O sucesso não é atoa: a obra é leve, divertida e permite uma leitura rápida.
A história romântica de “Melhor do que nos filmes”
A protagonista Elizabeth Buxbaum é apaixonada por comédias românticas. Por conta disso, desde sempre, imagina viver o seu grande amor. Quando Michael Young, paixão de infância de Liz, volta à cidade, ela acredita ser um “sinal” do destino para experimentar o seu primeiro romance. E o momento não poderia ser melhor: é o último ano do Ensino Médio e o baile de formatura está chegando.
Mas para se aproximar de Michael, Liz vai precisar se aliar ao seu arqui-inimigo e vizinho, Wesley Bennett. Juntos, eles elaboram um plano que tinha tudo para ser infalível e fazer com que Michael a convidasse para o baile. No entanto, aos poucos, a protagonista vai perceber que a imagem que ela tinha do seu vizinho não era verdadeira e começa a mudar a sua perspectiva sobre Wes.
No estilo “enemies to lovers” (“de inimigos para amantes”, em tradução livre), “Melhor do que nos filmes” mostra o desenvolvimento da relação afetiva entre Liz e Wes. Embora os dois se conheçam desde a infância, eles só conseguem se aproximar por conta do plano envolvendo Michael. Assim, eles passam a ser amigos e, como todo bom clichê, vão se conectar amorosamente.
Como é visto em muitas das comédias românticas, portanto, a obra acompanha a jornada da protagonista em descobrir que o que ela sempre sonhou em relação ao amor estava bem debaixo dos olhos dela, e só ela não percebeu.
Os personagens do livro
Sem dúvidas, o principal destaque do livro no que diz respeito aos personagens é Wesley Bennett. Com uma personalidade cativante, Wes sabe como encantar o leitor com sua simpatia e personalidade cômica. As características dele, inclusive, já revelam logo de cara que ele é o grande galã da narrativa.
Elizabeth Buxbaum também é uma personagem interessante e faz jus ao típico comportamento adolescente. Apesar de, às vezes, ela ter algumas posturas “irritantes”, faz sentido dentro da narrativa. Afinal, ela é apenas uma jovem, que está amadurecendo enquanto encerra um importante ciclo da vida (o Ensino Médio). Mas há muitos momentos emotivos de Liz com relação à mãe dela, que morreu quando ela ainda era criança, e essas situações mais intimistas da protagonista fazem com que ela se aproxime bastante do leitor.
Os protagonistas são, certamente, aqueles com uma narrativa pessoal mais aprofundada; as outras personagens não ganham um aprofundamento significativo. Com exceção de Helena (madrasta de Liz), que entretém o leitor por conta de sua personalidade expansiva e bem-humorada, as outras figuras que aparecem na história não são tão marcantes.
Referências interessantes que aparecem na narrativa
A composição narrativa do livro é bastante tradicional e se apoia nos elementos comuns das comédias românticas – atmosfera otimista, a procura por um grande amor, etc. Mas isso não faz com que ele perca qualidade. Pelo contrário, por ser uma linguagem bem conhecida, é muito fácil se envolver pelos recursos utilizados pela autora.
“Melhor do que nos filmes” brinca muito com acenos a filmes românticos: dos clássicos, como “Harry e Sally – Feitos um para o outro“, aos mais modernos, como “Para Todos os Garotos que já Amei“. Além disso, há muitas menções ao universo musical, e as canções também vão desde os hits do Metallica de décadas passadas aos sucessos atuais de Taylor Swift.
Todas essas referências, que aparecem ao longo de todos os capítulos, são sempre muito curiosas e agradáveis. Elas fazem com que o leitor revisite as próprias experiências com as obras audiovisuais e com as canções citadas.
A partir dessas menções, o livro cria mais força para “falar a mesma língua” do leitor e promover uma maior identificação com quem lê. Combinado às referências, o desenvolvimento envolvente de Wes e Liz faz com que essa conexão com a obra literária seja ainda mais natural e descomplicada.
Clichê para aquecer o coração
E já fica o aviso: o livro não tem nenhuma reviravolta ou acontecimento extraordinário; as situações são bem cotidianas e sempre relacionadas aos sentimentos. No entanto, a obra deixa suas intenções bem claras desde o começo, como é de se esperar em uma comédia romântica tradicional, e a história vai evoluindo gradualmente junto aos seus personagens.
“Melhor do que nos filmes” garante uma leitura leve e divertida. O livro sabe como se conectar com os leitores por se enfeitar com suas tantas referências populares e por apresentar dois protagonistas bastante cativantes. A sensação é que Lynn Painter queria deixar os leitores com o coração bem quentinho – e ela faz isso muito bem com a história de Liz e Wes.