“Match Perfeito” se apoia no protagonismo feminino [RESENHA]

 “Match Perfeito” se apoia no protagonismo feminino [RESENHA]

Capa de “Match Perfeito”, livro que chegou ao Brasil pela Intrínseca. (Foto: Divulgação)

Romance lançado pela Intrínseca, “Match Perfeito” apresenta uma narrativa mais descolada da relação amorosa e prioriza a protagonista

Um dos livros que apareceu como indicação na seção de “Literatura”, da revista de bordo da Levare, “Match Perfeito” é uma obra literária surpreendente, que traz elementos narrativos interessantes e personagens cativantes.

Com leitura fluida e diálogos espirituosos, o livro de Lauren Forsythe chegou ao Brasil pela Intrínseca em abril e tem conquistado fãs pelo país. Isso não é atoa, visto que a história é divertida e sabe como encantar os leitores.

A história de Alyssa Aresti

Logo de cara, o público conhece Alyssa Aresti, uma jovem de trinta e três anos, que trabalha em uma empresa de publicidade e sonha com a vaga de gerência de marcas. Para isso, vive em função do trabalho.

Ao se deparar com um ex-namorado, porém, Aly percebe que arrumou a vida dele e continuou estagnada. Ela segue desejando uma vaga que é prometida para ela há muitos anos e trabalha como se estivesse nesse cargo. Mas nunca a oficializam como gerente. Para piorar, quando ela reflete sobre a situação do seu ex-companheiro, chega à conclusão de que, na verdade, está sempre querendo “consertar” todo mundo ao redor. E ela gasta toda a sua energia nesse processo.

Conversando com seus melhores amigos e colegas de trabalho, Eric e Tola, sobre ter reencontrado seu ex, percebe que é um padrão: ela “consertou” todos os seus ex-namorados. Assim, a partir da sugestão de Eric e Tola, acaba concordando com a ideia de usar seus talentos para criar a Match Perfeito, uma agência secreta exclusiva para mulheres cansadas de tanto tentarem mudar a vida dos namorados/companheiros.

Mas o que ela não esperava era o sucesso da agência. A empreitada dá tão certo que uma influenciadora contrata a Match Perfeito para “consertar” o namorado dela, Dylan, quem precisa fechar uma parceria com algum investidor para a sua startup finalmente conseguir evoluir. Ainda, a influenciadora quer que ele a peça em casamento.

O que Aly não esperava era que o Dylan que ela precisava “melhorar” era o seu melhor amigo de infância e o seu primeiro amor. Os dois, porém, não se falam desde o último ano do Ensino Médio e, por alguma razão que Aly (ainda) não sabe, Dylan a odeia e, inicialmente, decide fingir que não a conhece. É uma espécie de combinação entre “friends to lovers” (“de amigos para amantes”, em tradução livre) e “enemies to lovers” (“de inimigos para amantes”, em tradução livre).

Protagonismo feminino

Quem rouba a cena, sem dúvidas, é Alyssa Aresti. Seja pelas falhas, pelas qualidades ou pelas inseguranças, a protagonista é uma personagem que representa as (muitas) inquietudes comuns da vida jovem-adulta. E isso faz com que os leitores se identifiquem bastante com ela.

Além disso, Aly é cativante, engraçada, empoderada, e consegue convidar o leitor a entrar no mundo dela — mesmo que ela seja declaradamente uma pessoa que se considera mais fechada e introspectiva. De modo sensível e intimista, Lauren Forsythe constrói uma personagem cheia de camadas e que consegue segurar muito bem a narrativa.

Desenvolvimento do romance principal de “Match Perfeito”

Contracapa de "Match Perfeito" para o corpo do texto.

Embora a relação amorosa da protagonista seja importante para o todo da história, ela não é o foco. Na verdade, o relacionamento é sempre integrado aos outros momentos que Alyssa está vivendo e faz parte do processo de “cura” que a personagem passa.

Apesar dos clichês e da narrativa ser bem previsível, o livro não tem um romance meloso, que aparece até bem pouco ao longo dos capítulos. As interações entre Aly e Dylan são divertidas e sentimentais, mas eles não têm tantos momentos juntos.

Vale lembrar, porém, que isso não significa que o romance é ruim. Pelo contrário, os dois personagens têm química e são interessantes juntos. Por isso, inclusive, dá vontade de vê-los mais vezes juntos.

Apesar disso, o jogo narrativo entre presente e passado e o uso dos flashbacks para desenvolver a relação dos dois personagens são propostas que prendem a atenção, e Forsythe faz ambas muito bem.

Diálogos e amigos

Certamente, o maior destaque do livro, além do protagonismo feminino, é a amizade entre Aly, Eric e Tola. Os três personagens têm diálogos super divertidos e modernos, o que faz com que o público pareça se sentir parte das situações que aparecem na narrativa.

Ainda, as personalidades são super identificáveis, cada um à sua maneira. Provavelmente por conta da falta de espaço, Eric e Tola não ganham tanto desenvolvimento, mas sempre roubam os holofotes quando aparecem.

Quem sabe uma sequência?

Match Perfeito” garante uma leitura rápida, divertida e super fluida. No entanto, deixa os leitores com o desejo de conhecer mais sobre Aly e Dylan e saber mais do relacionamento dos dois.

Mas quem sabe Lauren Forsythe não traga uma sequência? Ficamos no aguardo e na torcida! Afinal, seria ótimo poder desfrutar das novas experiências de Alyssa, Eric, Tola e Dylan.

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