Dos quadrinhos às telonas

 Dos quadrinhos às telonas

Os personagens de super-heróis nascidos nas HQs ganharam o mercado audiovisual, que é contemplado com inúmeras produções voltadas a uma legião de fãs e números expressivos na bilheteria mundial

Após 10 anos liderando a lista de filmes com maior bilheteria da história – com arrecadação de US$ 2,789 bilhões à época de seu lançamento (em 2009) –, “Avatar” perdeu o posto por um curto período para “Vingadores: Ultimato” (2019), com seus impressionantes US$ 2,79 bilhões faturados. O longa de ficção científica de James Cameron retomou sua posição com a reexibição na China em 2021, com a reabertura dos cinemas pós-Covid. No entanto, o filme da equipe de heróis tem seu legado cravejado na segunda posição das 10 maiores bilheteria da história. E ele não está sozinho. Na mesma lista, ainda figuram “Vingadores: Guerra Infinita” (5º lugar), “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa” (6º lugar) e “Os Vingadores” (9º lugar).

Com isso, concretiza-se que os heróis saíram dos papéis das HQs para ganhar as telonas, e se tornaram uma indústria bilionária. A disputa pela atenção dos espectadores se concentra entre as gigantes DC Comics e Marvel Studios.

A longa jornada dos heróis

Tudo começou nos quadrinhos, as chamadas HQs (história em quadrinhos). E quem deu o pontapé foi a DC Comics, que, ainda nos anos 1930, criou o Superman, o primeiro super-herói dos quadrinhos, que nasceu em 1938 pelas mãos de Jerry Siegel e Joe Schuster. Nesta época, a América ainda estava se reerguendo dos efeitos da Grande Depressão e prestes a mergulhar na Segunda Guerra Mundial. Ainda no ano seguinte, Batman é apresentado ao mundo, e, em 1941, a tríade da DC é completada com a publicação de Mulher-Maravilha.

Sendo assim, criados em um contexto de crises e guerras, percebe-se que os personagens da DC surgiram com uma “áurea sobre-humana”, exaltando qualidades como ética que serviriam de exemplo para a humanidade, pautada no “American Way of Life”.

No entanto, nos anos 60, alguns movimentos jovens serviram como ruptura destes ideais, o que serviu de impulso para que a Era Marvel pudesse garantir seu lugar ao sol. Aproveitando a onda da contracultura e revolução sexual, Stan Lee e o artista Jack Kirby criaram a equipe do Quarteto Fantástico, introduzindo uma nova percepção sobre heróis. Abordando temas mais “mundanos”, como consumo de drogas e Guerra do Vietnã, a Marvel Comics conseguiu se aproximar da realidade, afastando a essência de deuses mitológicos que os heróis, até então, traziam. Apesar dos superpoderes, estes novos heróis tinham suas “imperfeições”, trazendo conexão com os meros mortais.

 Morbius  (1o de abril): o biomédico Michael Morbius (Jared Letto) sofre de uma rara doença sanguínea, e na busca pela cura, faz um experimento com DNA de morcegos em si mesmo, o que acaba o infectando com uma espécie de vampirismo.

 Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (6 de maio): para restaurar um mundo de mudanças após abrir as portas do Multiverso, Doutor Estranho busca a ajuda de seu aliado Wong e de Wanda. 

 Thor: Love and Thund (8 de julho): o quarto filme solo do super-herói promove a volta de Jane Foster, que se transformará na versão feminina de Thor. Além disso, o Deus do Trovão contará com a ajuda de grandes aliados como Valquíria e Korg para enfrentar suas batalhas.

Migração para as telas

 A DC Comics foi, novamente, pioneira, ao levar seus super-heróis para o formato de audiovisual. Começou com as séries de TV: Superman estrelou uma nos anos 50, Batman, nos anos 60, e Mulher-Maravilha, na década seguinte.

“Super-Man: O Filme”, de Richard Donner, foi o primeiro longa de um super-herói trazido do universo dos quadrinhos, que chegou aos cinemas em 1978, considerado o “pai” das próximas produções cinematográficas do gênero. Dali a 10 anos, em 1989, é a vez de Batman ganhar seu próprio 

filme, sob a direção de Tim Burton. Durante anos, a DC manteve a hegemonia sob os filmes de heróis, até que, em 1997, com o lançamento de “Batman & Robin”, veio o fracasso – de crítica e público.

No começo do século XXI, com cerca de duas décadas de atraso, a Marvel começou a correr atrás do prejuízo. Ainda sem estúdio próprio, os heróis da empresa chegaram às telonas por meio de parcerias com produtoras e estúdios, e os direitos pelos seus personagens estavam divididos entre Fox e Sony. “X-men”, lançado pela Fox em 2000, foi um marco dos longas de super-heróis modernos.

O fenômeno veio dois anos depois pela Sony Pictures, com “Homem-Aranha”, com direção de Sam Raimi e Tobey Maguire no papel-título, sendo o filme que mais arrecadou em bilheteria nos Estados Unidos, em 2002. Logo, vieram “Hulk” (2003), “Demolidor – O Homem Sem Medo” (2003), “Quarteto Fantástico” (2005) e “Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado” (2007). A virada de chave aconteceu em 2008, com a estreia de “Homem de Ferro”, o primeiro filme independente da Marvel Studios e que marcava o início de seu universo compartilhado: MCU (Marvel Cinematic Universe). Dentro deste universo, a apresentação dos demais personagens nas telas foram sendo tecidas nos próximos anos, como “Thor” e “Capitão América – O Primeiro Vingador”, ambos de 2011. Esta construção desaguou em “Os Vingadores”, de 2012, primeiro lançamento junto à nova proprietária, Disney, que comprou os domínios da Marvel em 2009. O filme foi um verdadeiro sucesso e, bom, o resto é história.

Stan Lee
Explosão de lançamentos

Para exemplificar a força dos heróis no cinema, “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”, lançado em dezembro do ano passado, foi o único filme da era pandêmica a bater R$1 bilhão de reais de faturamento na bilheteria mundial.  2022 tem dezenas de estreias de heróis aguardadas e o cenário já se mostra otimista com a primeira estreia do ano. “Batman”, de Matt Reeves, que traz Robert Pattinson vivendo o Cavaleiro das Trevas, chegou aos cinemas em 3 de março e já ultrapassou US$670 milhões nas bilheterias mundiais, sendo o maior lançamento do ano até o momento e a segunda maior estreia da pandemia, atrás do terceiro filme do Homem-Aranha.

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