Cosmopolita e plural

 Cosmopolita e plural

Puerto Madero, Buenos Aires, Argentina.

Buenos Aires é um prato cheio para turistas, um caldeirão de culturas com atrações para todos os perfis, com forte identidade artística, que é expressa tanto nas ruas quanto em museus

Segunda maior área metropolitana da América do Sul, Buenos Aires, capital da Argentina, é uma ótima pedida para ser o primeiro destino internacional dos brasileiros (e, geralmente, é), dada sua proximidade e custo acessível. A cidade é um prato cheio de atrações e atividades, e fervilha culturalmente, seja por sua arte, tango, futebol ou gastronomia. Cada pedacinho conta com uma influência arquitetônica e estética particular, mas, de modo geral, suas ruas e avenidas largas, os espaços a céu aberto e arborizados são um convite a passeios a pé e revelam uma surpresa a cada passo. Conheça um pouquinho de suas regiões mais importantes para fazer um roteiro e descobrir o essencial de Buenos Aires.

Região Central

Principal praça do centro de Buenos Aires, a Plaza de Mayo concentra alguns dos mais importantes monumentos da cidade em seus arredores. A Casa Rosada é sede da presidência da Argentina, uma construção que se iniciou por volta de 1580, cuja fachada é na tonalidade que lhe dá o nome. Palco de importantes manifestações políticas e artísticas, o palácio é famoso pelo seu grande acervo de esculturas e pinturas. O local abre as portas para visitação guiada, com direito à visita ao belo jardim interno, à sacada de onde Eva Péron (ex-primeira-dama) discursava e com curiosidades sobre os presidentes do país.

Casa Rosada

O Teatro Cólon é considerado um dos teatros líricos mais importantes do mundo. Sua construção durou quase 20 anos, e a sala central, em forma de ferradura, é considerada como uma das de melhor acústica do mundo. O edifício abriga, além de diferentes oficinas em que são realizadas as produções dos espetáculos, o Instituto Superior de Arte, onde se formam cantores líricos e dançarinos. Ele conta com visita guiada, paga e com duração de cerca de 50 minutos. Seguindo pela Avenida 9 de Julio, no cruzamento com a Avenida Corrientes, está o emblemático Obelisco, para tirar aquela foto de lei.

Na Avenida de Mayo, está o Café Tortoni, que faz parte da identidade de Buenos Aires, sendo o mais antigo dos bares em atividade na cidade, fundado em 1858. Cheio de charme, o edifício em estilo francês nos transporta ao passado, em que suas mesas já foram ocupadas por figuras importantes. Ainda na região da Plaza, é possível encontrar a Catedral Metropolitana – construção do século XVI –, o Cabildo – sede de administração colonial – e o admirável Banco de La Nación Argentina.

Recoleta

Este elegante bairro tem muito de sua arquitetura baseada no estilo neoclássico francês do início do século XX, como é o caso do Museu Nacional de Artes Decorativas, inspirado no Palácio de Versalhes. Estas construções levaram Buenos Aires a ser conhecida como a “Paris da América”. Pode soar estranho indicar um passeio ao cemitério, mas o Cemitério da Recoleta é praticamente um museu a céu aberto que vale a visita, tanto pelas esculturas que enfeitam os mausoléus quanto pelas personalidades argentinas que ali descansam. Um tour guiado te leva a conhecer a história do país por meio de cientistas, presidentes, militares e artistas, com destaque para Eva Péron, a Evita.

O Museu Nacional de Belas Artes funciona em um prédio que já foi estação de tratamento de água e apresenta a maior coleção de arte argentina, além de obras de El Greco, Cézanne, Degas, Rubens, Rembrandt, Goya, Rodin, Picasso e Chagall. Já o Centro Cultural Recoleta é um polo de exposições, oficinas e salas de espetáculo, com muitas atividades voltadas para adolescentes e jovens adultos. O El Ateneo Grand Splendid é outro prato cheio para quem aprecia cultura, principalmente os leitores fervorosos. Instalada em um antigo teatro, a livraria superinstagramável é recheada de prateleiras, afrescos no teto e teve seu palco transformado em um café com mesinhas, mas a cortina vermelha de veludo permanece para manter a memória viva da casa de óperas.

Na Plaza de las Naciones Unidas, destaca-se a gigante escultura metálica Floralis Generica, cujas pétalas de aço se abrem às 8 h da manhã e se fecham progressivamente até a meia-noite.

La Boca

Embora seja o bairro menos afortunado de Buenos Aires, é de grande efervescência cultural e gastronômica. Ele revela a essência porteña dos imigrantes genoveses que ali se estabeleceram. O ponto mais turístico de La Boca é o Caminito, uma área não muito extensa, porém cenográfica, com seus conventillos (cortiços) coloridos, que são point de selfies. A menos de 500 m, está o famoso estádio do Boca Juniors, o La Bombonera. É possível realizar um tour guiado, que passa pela loja oficial do time, vestiários, arquibancada, sendo finalizado no Museo de la Pasión Boquense, com troféus, fotos, vídeos, uniformes e várias partes da história do Boca Juniors, contada de forma interativa. Um passeio imperdível para os amantes de futebol!

Para entrar ainda mais no clima da vizinhança, vale a pena dar um pulo no Antiguo Mercado de La Boca para saborear um sanduíche e cerveja gelada. Você também pode ir até o café da Fundación Proa – um centro privado de arte contemporânea –, de onde se tem vista privilegiada de alguns pontos como o Rio Riachuelo e a Puente Transbordador.

San Telmo

Bairro mais antigo da cidade, com espírito saudosista, San Telmo é a meca dos brechós e antiquários, centro de compras para os turistas. Aos domingos, acontece a Feira de San Telmo, uma ótima oportunidade para descobrir achados e adquirir relíquias e lembrancinhas de viagem criativas. Durante a semana, é válido conferir também os utensílios antigos do Mercado de San Telmo, em funcionamento há mais de 120 anos. Neste galpão de metal e vidros, de 1897, há diversas lojas que também proporcionam refeições típicas, frutas e hortaliças.

Perambulando pelo bairro, você encontra cafés charmosinhos, casarões centenários, comércios tradicionais e bares escondidinhos. Inclua em seu roteiro uma visita à Estátua da Mafalda, na esquina das ruas Chile e Defensa, em um banco na calçada junto a seus amigos Susanita e Manolito, personagens do famoso cartunista argentino Quino. Completam a experiência as igrejas de San Telmo, a Paróquia de San Pedro Telmo, um Monumento Histórico Nacional, de 1734, em estilo eclético e neo-colonial, e a Igreja Ortodoxa Russa, em estilo moscovita do século XVII, com cúpulas azuis estreladas e vitrais; e museus, como o Museu Histórico Nacional, em frente ao Parque Lezama, área mais verde do bairro.

Puerto Madero

Região mais cara de Buenos Aires, Puerto Madero é um dos bairros mais jovens da cidade. Com extensa área verde, concentra arranha-céus espelhados, obras renomadas, belas esculturas e um centro gastronômico. O bairro é uma bela ilha artificial, que o convida a andar pelo cais e conhecer seus principais pontos. O cartão-postal do local é a Ponte da Mulher (Puente de La Mujer), uma ponte suspensa para pedestres. Nas águas do rio, há dois museus flutuantes, o Museu Fragata Sarmiento e o Museu Corveta Uruguay, ambos eram antigas embarcações. No roteiro cultural de Puerto Madero, ainda dá para incluir o Museu Amalia Lacroze de Fortabat, com um acervo rico de obras de arte do século XIX e XX, que pertencia à mulher mais rica da Argentina, que dá nome ao museu. E, também, o Centro Cultural Néstor Kirchner, antigo palácio sede do Correio Central de Buenos Aires.

Para quem gosta de respirar ar fresco, a Reserva Ecológica Costanera Sur, com 350 hectares de natureza, é uma boa pedida. Conta com trilhas, lagos, mirante com vista para o Rio da Prata e a Fuente de Las Nereidas.

Palermo

Maior bairro de Buenos Aires, Palermo é organizado em subdivisões, sendo elas, Palermo Botânico, Palermo Soho, Palermo Viejo, Palermo Hollywood e Palermo Chico. Isso torna este pedacinho de Buenos Aires muito eclético e com características peculiares, de onde é possível curtir noites agitadas, tardes tranquilas ao ar livre, fazer compras luxuosas e conhecer designers alternativos.

No Palermo Botânico, estão os Bosques de Palermo (ou Parque 3 de Febrero), composto pelo Jardim Japonês, o El Rosedal e o Jardim Botânico. No Jardim Japonês, são mais de 300 espécies de flora nativa japonesa, um lago com carpas e uma bela ponte japonesa. Também há um restaurante para apreciar a culinária do Japão.

Criado em 1914, o El Rosedal é um lugar para andar de pedalinho no lago em meio a patos e gansos, com mais de 18 mil roseiras. Caminhe pelo Pátio Andaluz, atravesse a ponte grega e descubra os 26 bustos de escritores brilhantes no Jardim dos Poetas. No Jardim Botânico, encontram-se mais de 5.500 espécies vegetais distribuídas em jardins de diversos estilos e em estufas que abrigam espécies mais delicadas, além de esculturas, monumentos e bustos.

Palermo Soho é meca de artistas, designers e restaurantes descolados. Concentra galerias de arte, lojas de designers independentes e livrarias. Suas paredes revelam arte de rua em grafites e stencils. Na Plaza Serrano, é realizada uma feirinha com artistas e designers que expõem seus trabalhos. Ao cair da noite, esse pedaço de Palermo ganha uma atmosfera mais boêmia, com bares, restaurantes e clubes noturnos.

Ainda em relação à vida noturna, Palermo Hollywood também é o point. Esta região já foi casa de produtoras de TV, estúdios de cinema e emissoras de rádio, daí seu nome. Suas ruas também são adornadas por grafites, e a gastronomia do local é bem diversificada, com variedade de restaurantes – muitos deles badalados, inclusive. Já para quem gosta de emendar os tours turísticos com compras, a Palermo Chico é a parte luxuosa, nobre e sofisticada do bairro. O Shopping Alto Palermo abriga lojas de grifes nacionais e internacionais. É lá também que fica o MALBA – Museu de Arte Latino Americana. Para preços mais atrativos, vale um pulinho até a vizinha Villa Crespo, recheada de outlets de grandes marcas.

Gastronomia, Tango e Arte na identidade portenha

Em Buenos Aires, não deixe de provar um típico “asado”, o que equivale ao nosso churrasco brasileiro. Por lá, ele é levado muito a sério e não tem data especial para acender a grelha. Parrilla é o nome que se dá à grelha em que as carnes são assadas, mas já se tornou sinônimo de churrasco argentino por aqui. Por lá, os acompanhamentos também são de extrema importância e fazem total diferença. Além dos molhos, são usados a “salsa criolla” (cebola, tomate, cebolinha, pimentão verde e vermelho, vinagre, azeite e sal) e o famoso “chimichurri” (salsinha, orégano, alho, cebola, pimenta).

Outro ícone da gastronomia local é o alfajor, em suas mais variadas versões. O tradicional conta com duas bolachas cobertas de chocolate ao leite que formam um “sanduíche” recheado com doce de leite. E, por falar em doce de leite, a iguaria também é bastante apreciada por lá e acompanha grande parte das sobremesas clássicas, como as panquecas de dulce de leche e o flan con Dulce.

O tango faz parte da identidade de Buenos Aires, sendo impossível visitar a cidade sem entrar no seu embalo, afinal, ele pode ser encontrado em espetáculos especialmente para turistas, em casas especializadas e até mesmo em bares e estabelecimentos gastronômicos. Alguns, inclusive, incluem, além do espetáculo, um jantar com cardápio diversificado. Uma das casas mais importantes da cidade é o El Viejo Almacén. O tango genuíno, praticado por amadores – e amantes – da dança, pode ser conferido de perto por meio das milongas, bailes populares de tango, que acontecem em clubes sociais, centros culturais ou rodas de praças da cidade. Vale até arriscar alguns passos – e aulas de tango pela cidade também não vão faltar.

Buenos Aires respira arte! A cidade oferece um leque de museus de arte nacional e internacional, com obras/peças antigas, emblemáticas e da arte contemporânea. Visitação obrigatória são o Museu de Arte Latino-americana de Buenos Aires (MALBA), com obras de grandes artistas latino-americanos do século XX, como Frida Kahlo, Antonio Berni, Tarsila do Amaral – a obra “Abaporu” está exposta lá –, e o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), um dos mais importantes da América Latina, com coleção permanente.

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