Sofisticação na garrafa
- Gastronomia
- fevereiro de 2022
Bebida forte, de sabor encorpado e com teor alcoólico alto, o uísque é associado a requinte e tem um público fiel pelo mundo
Já diria o poeta Vinicius de Moraes, que o uísque é o melhor amigo do homem, é um “cachorro engarrafado”. E, de fato, o uísque tem sido companheiro de muitos. A Diageo, que detém a marca Johnnie Walker, grande nome do uísque escocês, apresentou um crescimento de 33% nas vendas no Brasil durante a pandemia, impulsionados pelo aumento do consumo da bebida, pois segundo o presidente da Diageo para Paraguai, Uruguai e Brasil, Gregorio Gutiérrez, este resultado no país foi sustentado principalmente pela categoria de scotch (uísque escocês), tendo Johnnie Walker no protagonismo, que vive o auge dos 200 anos da marca.
A bebida alcoólica destilada de grãos tem sua criação atribuída à Irlanda ou Escócia, tanto que as duas, ainda hoje, exercem protagonismo na produção do uísque. Provavelmente a prática da destilação tenha, pelo menos, quatro mil anos. No século XII, ela se expandiu pela Europa e sua primeira evidência, por escrito, na Escócia, data do século XV, com um pedido do rei, em 1494, de malte suficiente para fabricar quinhentas garrafas de “aqua vitae” (ou água da vida em latim), que bem entendemos não ser água propriamente dita.
A primeira versão do uísque seria uma bebida bastante revigorante, destilada quase que exclusivamente por monges. No início, a bebida era usada principalmente para fins medicinais, no tratamento de quase todas as doenças, da varíola à paralisia. Mais tarde, quando Henrique VII fechou os mosteiros e afastou os monges, a produção do uísque se tornou algo caseiro, seguindo caminho para as casas e chácaras de escoceses comuns. No início do século XIX, um copo de uísque era alimento básico do escocês. O único problema era que estes uísques não eram consistentes, podendo ter seu sabor totalmente alterado de um dia para o outro.
Esta história teria começado a mudar na década de 1830, com o advento da destilação fracionada. Com isso, o processo de fabricação do uísque foi se aperfeiçoando e resultando em uma bebida mais refinada, garantindo um álcool com grau de pureza inédito. Esta tecnologia impulsionou a produção do grain whisky – uísque de cereais não maltados, como trigo ou centeio – no sul da Escócia. Depois, entraram em cena o blended whisky, grande responsável por consagrar o uísque escocês com status de bebida fina.
Ingredientes
• 5 morangos
•3 colheres de sopa de açúcar
• 1 dose de uísque
• 2 xícaras de chá de gelo
Modo de preparo
Coloque todos os ingredientes no liquidificador e bata. Após, coloque a bebida em uma taça rasa. Sirva gelado.
Da Europa para o mundo
A bebida teria chegado aos Estados Unidos junto com a onda de imigrantes irlandeses e escoceses – que detinham as técnicas de transformar seus excedentes de grãos em destilados – no século XVIII. Em Maryland e Pensilvânia produziam-se, inicialmente, o uísque de centeio, já em Kentucky, iniciou-se a produção do destilado a partir do milho, dando origem ao famoso whiskey Bourbon americano.
Nomenclaturas e estilos
Qual a diferença entre um whisky e um whiskey? Ou entre um whisky escocês single malt e um whisky escocês blended? Basicamente, a nomenclatura whisky ou whiskey vai depender do local onde foi feito. Na Escócia, Canadá, Japão, entre outrous, usa-se “whisky”, sem a vogal “e”, já nos Estados Unidos e na Irlanda, é mais comum a forma “whiskey”, com o uso da vogal. Em português, adotou-se a escrita do termo como “uísque”.
Quanto ao seu tipo, são levados em conta quatro fatores: o grão utilizado, o processo de produção, onde o uísque foi feito e por quanto tempo ele foi maturado. Vejamos os principais tipos e as diferenças entre eles:
Whisky Escocês
Além de, por obrigatoriedade, ter de ser produzido totalmente na Escócia, deve ser feito com cevada ou grãos maltados e envelhecido em barris de carvalho de até 700 litros por, no mínimo, três anos. Entre os uísques escoceses destacam-se:
Whisky Single Malt: É um destilado de malte, neste caso utiliza-se a cevada maltada, e é proveniente de uma única destilaria, mesmo que elaborado com uísques de diferentes anos.
Whisky de Grão: O principal ingrediente deste tipo de whisky é milho, trigo ou ambos.
Blended Scotch Whisky: Elaborado a partir da mistura entre vários whiskies de malte único (whisky single malte) e whiskies de grão. Sua vantagem é garantir o sabor e a qualidade do whisky, que continuará igual com o passar do tempo.
Whiskey Irlandês
Qualquer whiskey produzido na República da Irlanda ou na Irlanda do Norte. Diferentemente do escocês, qualquer grão de cereal maltado pode ser utilizado em qualquer proporção, mas tal como ele, deve ser envelhecido em barris de madeira por, no mínimo, três anos.
Whiskey americano
Bourbon: Totalmente fabricado nos Estados Unidos, feito de grãos maltados, dos quais, no mínimo, 51% da composição é milho. Ainda, tem o Straight Bourbon, do estado de Kentucky, que foi envelhecido por, no mínimo, 2 anos e não usa aditivos (sabores ou corantes); e o Blended Bourbon, que pode incluir outras bebidas alcoólicas e sabores, mas deve ser pelo menos 51% straight bourbon.
Tennessee whiskey: Essencialmente igual ao bourbon, diferencia-se por incluir a filtragem de carvão no processo pós-destilação.
Rye: Fabricado especialmente na América do Norte, o Rye, nos Estados Unidos, deve ser fermentado a partir de uma mistura de grãos maltados que contenha pelo menos 51% de centeio, já, no Canadá, esta porcentagem pode ser bem menor.
Por dentro do processo de produção
O uísque é produzido, basicamente, por três ingredientes: grãos (que pode ser cevada, trigo, centeio etc.), água e fermento. A primeira etapa é a maltagem, em que o grão utilizado será induzido a germinar, sendo mergulhado em água para tal. A germinação, no entanto, é interrompida pelo processo de secagem. É no processo de maltagem que o amido do cereal é liberado – para, posteriormente, ser transformado em açúcar. Após isso, entra a etapa de maceração. Nela, os grãos, depois de moídos, são misturados à água aquecida para extrair os açúcares solúveis. Ao líquido quente e doce resultante deste processo é adicionada a levedura para a fermentação, produzindo uma espécie de “cerveja”. Este líquido será destilado duas vezes para reduzir a quantidade de água e elevar a concentração de álcool.
Por fim, antes de ser engarrafado, o uísque entra no processo de maturação, em que ele será envelhecido no barril de madeira – geralmente de carvalho. É a madeira que amacia e confere aromas à bebida, que ganha 60% do seu sabor baseado no tipo de barril usado no seu envelhecimento. O uísque repousa por, pelo menos, três anos nos barris.