Pegada Urbana

 Pegada Urbana

Originado dentro de fábricas e galpões abandonados, o estilo industrial preza por ambientes funcionais com decoração minimalista que une o rústico ao despojado

A aliança entre o rústico e o moderno. Quem acredita que o aspecto “mal-acabado” em uma decoração é sinônimo de um ambiente deplorável é porque, certamente, ainda não conhece o estilo industrial, em que a proposta é exatamente essa. Esqueleto do imóvel aparente, com vigas e lajes expostas, tubulações e instalações elétricas à mostra, tijolinhos e revestimentos de cimento são apenas parte do plano – propositalmente, aliás – para deixar o ambiente conceitual.

Mas o estilo, que está na moda hoje, tem origem em Nova Iorque, no início do século passado, tendo surgido por necessidade. Com o “crack” da bolsa de Nova Iorque, em 1929, muitas fábricas, galpões e indústrias foram abandonados pela cidade, muitas vezes em áreas centrais e nobres. O cenário começou a mudar a partir da década de 1970, período em que a densidade populacional estava se tornando cada vez maior. Porém, com a descentralização da economia americana, os imóveis estavam com preços inviáveis, o que levou as pessoas a procurarem uma alternativa de moradia. Logo, estas instalações abandonadas deram lugar a residências, que passaram a ser conhecidas como “lofts”. 

Produção Castelatto – Foto Favaro Jr

Deste modo, podemos dizer que, inicialmente, foram as casas que invadiram os espaços industriais. Mas, na atualidade, estamos vendo um movimento reverso, com o estilo industrial tomando conta de espaços residenciais e comerciais.

Essência minimalista

Como este estilo nasceu dentro dos galpões, o que havia eram amplos espaços que foram readaptados. Com isso, algumas características comuns destes empreendimentos – que se mantém para o estilo decorativo atual – são pé direito alto, portas e janelas largas, que ajudam na iluminação do ambiente e na circulação do ar, e ambientes integrados. Aqui, menos é mais. No estilo industrial, os ambientes são pensados para serem funcionais, sendo o minimalismo a essência desta decoração. 

Produção Castelatto – Foto Favaro Jr

“A essência do estilo industrial são cores sóbrias e neutras, mas que transformam o ambiente com muita personalidade. Nesse caso, prefira sempre o branco, preto e cinza. Mesclar peças com design mais moderno e alguns pontos de cor, vai garantir esse aspecto industrial”, pontua o arquiteto Marcelo Rosset. Ele nos traz como exemplo o projeto de um apartamento em que a larga varanda original foi eliminada para se integrar à sala, criando um grande ambiente para receber.

Estrutura Industrial

Este estilo de decoração valoriza a estrutura aparente, por isso, é comum ver o teto sem forro e as vigas à mostra. Ele também não faz questão de esconder instalações como encanamentos e tubulações, que podem ter acabamentos metalizados ou até mesmo serem pintados em cores mais chamativas como vermelho e amarelo, com a intenção de trazer um ponto de destaque. 

Projeto Industrial: Marcelo Rosset_ Fotos: Marco Antonio

O décor industrial, ainda, preza pelas características primárias das construções, remetendo-nos a algo sem acabamento, como paredes de tijolo e cimento. “O estilo industrial tem um conceito mais urbano, com acabamentos que valorizam texturas, como concreto, couro e metais. Apostar em uma paleta mais neutra que puxe para o cinza e tijolos aparentes, sem abusar das cores mais escuras, é uma boa solução”, conta o arquiteto.

Aqui, os revestimentos exercem papel fundamental. O concreto arquitetônico é um exemplo de revestimento que entrega esta rusticidade característica da arquitetura industrial, sem deixar de lado a sofisticação. “O estilo industrial foi muito caracterizado por alguns tons como cinza e grafite e isso remete ao concreto que é um material chave e diria ‘coringa’ que pontua bem esse estilo nos revestimentos de parede e piso”, ressalta Matheus Benati, Gerente de Marketing da Castelatto, líder no segmento de pisos e revestimentos de concreto arquitetônico. Ele destaca as linhas Apparente, Etrusco, Adobe, Puglia e Corten dentro do portfólio da marca, que trazem propostas de cores acinzentadas, com aspecto industrial e sofisticação.

Matheus esclarece que em comparação ao revestimento cimentício, o concreto arquitetônico é mais resistente, apresenta menor absorção, cores mais definidas, superfícies mais suaves, além de manter sua coloração original, sem risco de desbotamento. 

Projeto Industrial: Marcelo Rosset_ Fotos: Marco Antonio

Outra opção seria o cimento queimado, que é produzido no local de aplicação com argamassa especial, com utilidade especificamente decorativa. “Por ser produzido no local da aplicação, o resultado final depende de diversas variáveis que não são totalmente controláveis, como a temperatura, a umidade do ambiente e a própria qualificação da mão de obra.”

Elementos decorativos

Os móveis são uma ótima maneira de incorporar o estilo industrial sem alterar a estrutura da casa. “Acho que temos como principais características o uso de metal, materiais mais brutos e naturais, desenhos geométricos e madeira na composição dos ambientes”, comenta Rosset. Ele  complementa que para intensificar uma atmosfera moderna é válido mesclar móveis rústicos e móveis modernos.

Algumas peças que se encaixam nesta proposta são sofás e poltronas de couro, bancos de metal e eletrodomésticos em aço inox – que garantirão um ar industrial moderno à cozinha.

Apesar de neste estilo de décor a iluminação natural ser valorizada pelas portas e janelas amplas, a iluminação artificial pode ser um trunfo para complementar a decoração, conforme explica o arquiteto: “podemos abusar das luminárias com lâmpadas retrô de LED Filamento e apostar em pendentes com aspecto mais moderno e contemporâneo”.

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