Escolha o Player

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Entre a nostalgia por jogos antigos e uma intensa renovação tecnológica, indústria dos videogames arrecada bilhões e transforma jogadores em profissionais do entretenimento

Há 50 anos, em abril de 1972, era anunciado o primeiro videogame comercial da história, o Magnavox Odissey. Fruto do trabalho do engenheiro e inventor Ralph Baer, a ideia era criar um aparelho o qual os usuários pudessem interagir com o conteúdo que passasse na tela da televisão. 

Fabricado pela Magnavox, uma das subsidiárias da gigante multinacional Philips, o Odissey vendeu 100 mil unidades nos primeiros meses, número considerado muito bom para um produto até então desconhecido do público e que só funcionava em aparelhos de TV da mesma marca, era movido a bateria e não emitia som, além de ser vendido por U$ 100, valor considerado um pouco salgado para a época. 

Ao lado do famoso Pong, da Atari – joguinho que reproduz uma espécie de partida de tênis de mesa e lançado inicialmente como jogo de fliperama – estavam ali as pedras fundamentais de um setor importantíssimo da indústria do entretenimento.

The Legend Of Zelda

Cinco décadas depois e o segmento dos jogos eletrônicos se tornou um dos mais lucrativos do mundo. De acordo com os dados divulgados pela consultoria Newzoo, a indústria mundial de games movimentou impressionantes US$ 175,8 bilhões em 2021. A previsão é que, em 2023, esse segmento movimente algo em torno de R$ 200 bilhões.

Nostalgia e evolução

Estamos em uma época em que os videogames das últimas décadas do século passado já se transformaram em itens de colecionador. Um grande símbolo disso é o Atari, console fabricado pela empresa norte-americana de mesmo nome e que tomou o mercado de videogames a partir da segunda metade dos anos 1970.

A Atari Inc. iniciou sua trajetória com jogos de fliperama e partiu depois para os consoles individuais. No espólio da empresa estão mais de 200 jogos, a maioria deles mundialmente famosos como Space Invaders, Pac-Man, Asteroids, Centipede e Enduro. O console Atari 2600 vendeu quase 30 milhões de unidades ao redor do mundo, inclusive no Brasil, e reinou absoluto até pelo menos a metade da década de 1980.

Street Fighter

Dono da maior coleção de videogames do país, com mais de 11 mil itens relacionados a esse universo, Alex Mamed (@alexmamedoficial) recorda que foi com o Atari 2600 que ele teve a primeira experiência com games. “Meu irmão trouxe do Paraguai o que chamamos de ‘brinquedo eletrônico’. Era algo futurista para a época, porque era possível interagir com a tela da TV. Foi o que abriu as portas para eu conhecer e me apaixonar pelos video-games. O jogo que mais gostei foi H.E.R.O., muito dinâmico, considerado um dos jogos mais difíceis do Atari”, relembra Mamed. 

A evolução dos consoles continuou mesmo após a queda de popularidade do Atari. A partir da segunda metade década de 1980, a Nintendo dominou o mercado de consoles domésticos com o Nintendo Entertainment System (NES), o Super Nintendo, o portátil Game Boy e outros que fizeram a fama de títulos clássicos como Super Mario Bros., The Legend of Zelda e Street Fighter. 

A próxima grande novidade mercadológica aconteceu em 1994, quando a Sony apresentou o Playstation, console que utilizava CDs ao invés de cartuchos. A partir dali, cada nova versão trazia avanços tecnológicos mais impressionantes e o console funciona hoje em dia como um verdadeiro centro multimídia e conectado com a internet. Ao todo já foram vendidas mais de 550 milhões de cópias das diferentes versões do Playstation. 

Os dispositivos móveis também marcaram uma revolução no modo de interação com os games. Nesse modelo, o “console” e a “tela” estão em um mesmo aparelho. No início com os “tijolões” – e o famoso “jogo da cobrinha” – e hoje em dia com os smartphones e tablets, os games para dispositivos móveis ganharam qualidade e seus gráficos já competem de igual com os consoles de última geração.

Super Mario Bross
profissão, esporte e entretenimento 

O desenvolvimento tecnológico praticamente sem limites dos videogames tem diminuído a barreira entre o real e o virtual. Jogar de maneira online, contra uma pessoa do outro lado mundo, tornou-se totalmente comum, algo inimaginável há pouco tempo.

Com o crescente interesse nos games e o desenvolvimento de plataformas como a Twitch e o próprio YouTube, surgiu a profissão do streamer gamer, o jogador que transmite ao vivo o seu jogo pela internet e que, geralmente, é acompanhado por milhares de seguidores. O que rende dinheiro e parcerias para o “profissional dos videogames”. “É uma profissão que está se aprimorando. Os streamers, amadores e os que trabalham para grandes empresas, tem um público fiel, o que acho muito interessante”, analisa Alex Mamed.

O colecionador aproveita ainda para abordar o crescimento dos e-sports, e aposta que logo um jogo virtual irá entrar para os  Jogos Olímpicos. “Hoje tem competições de nível internacional, com prêmios altíssimos. Então virou um esporte mesmo.”

Alex também analisa como esse setor bilionário da indústria de entretenimento tem evoluído em aliança com a tecnologia dos jogos, ditando o futuro em outros segmentos como o cinema, a música e até mesmo a moda. “A produção é muito cara, rica em detalhes, em som, em imagem, e eles já fazem isso de olho em futuros aportes para que o jogador compre outros produtos associados. Um exemplo mesmo é o Fortnite, que fez o lançamento de um tênis da Nike dentro do jogo, onde você pode comprar o produto e com desconto. Essa indústria dos games é surpreendente”, afirma.

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