DNA brasileiro

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A cachaça, bebida genuinamente nacional, é o mais antigo destilado da América do Sul, resguardando séculos de história e rendendo muitas receitas

Popularmente conhecida pelo uso no preparo da caipirinha, nossa aguardente de cana-de-açúcar tem um longo histórico, e com o aprimoramento de técnicas, vem conquistando novos paladares e ganhando seu merecido espaço, com opções premium, e se encaixando muito bem em outros drinques que vão além da clássica combinação de limão, gelo e açúcar.

A cachaça, basicamente, é o caldo de cana fermentado e destilado. Após a moagem da cana, o caldo será fermentado, processo no qual as leveduras convertem o açúcar da garapa em álcool. O produto resultante, que é chamado de vinho de cana, passa pela destilação para elevar o teor alcoólico e extrair algumas substâncias nocivas, sendo fervido em um alambique de cobre ou coluna de inox. E é assim que surge a cachaça. O passo final é engarrafá-la ou deixá-la envelhecer em barris, geralmente de madeira, aprimorando seu sabor e aroma.

O Alambique Tellura utiliza duas técnicas de armazenamento mais comuns, a envelhecida em madeira e a prata, envelhecida em aço inox. Com isso, são quatro opções de cachaça: a Tellura Prata, a Tellura Ouro (armazenada em Carvalho), a Tellura Jequitibá e a Tellura Blend Amburana (armazenada em um blending de Amburana/Jequitibá). “Capaz de agradar a diferentes paladares, a cachaça armazenada em aço e madeira varia, principalmente, conforme o seu grau de acidez. Na cachaça Ouro, por exemplo, o sabor é mais amadeirado e intenso, compondo um índice de acidez desejável. A prata traz, por si, notas vegetais próximas a cana e uma agressividade sensorial maior, no entanto, é ótima para drinques”, explica Franklin Meirelles, mestre alambiqueiro da Cachaça Tellura.

“ Na cachaça Ouro, por exemplo, o sabor é mais amadeirado e intenso, compondo um índice de acidez desejável. A prata traz, por si, notas vegetais próximas a cana e uma agressividade sensorial maior, no entanto, é ótima para drinques. ”
Franklin Meirelles
Mestre alambiqueiro da Cachaça Tellura
Uma dose de história

Primeiro destilado da América Latina, que surgiu antes mesmo do Rum, da Tequila e do Pisco, a Cachaça tem mais de 500 anos de história. Apesar de não haver registros precisos de onde foi realizada a primeira destilação da cachaça, pode-se afirmar que ela se deu em algum engenho de açúcar no litoral do Brasil, entre os anos de 1516 e 1532.

Alguns destes lugares apontados são a Ilha de Itamaracá (PE), Porto Seguro (BA) e São Vicente (SP). Também há duas versões que tentam explicar, de uma forma mais lógica, os precedentes da criação da cachaça. Uma delas é a de que os portugueses, acostumados com um destilado de casca de uva chamado bagaceira, improvisaram uma bebida destilada a partir da fermentação e destilação de derivados do caldo da cana-de-açúcar.

A outra sugere que, nos engenhos de açúcar, durante a fervura da garapa para fazer o açúcar, surgia uma espuma que era retirada dos tachos e jogada nos cochos dos animais. Com o tempo, este líquido fermentava e formava um caldo, o qual se chamava de “cagaça”. Ao perceber que a tal bebida revigorava o gado, os escravos também passaram a consumi-lo, e com a experiência dos portugueses sobre as técnicas de destilação, foram estes que começaram a destilar o próprio caldo da cana, dando origem a nossa cachaça. 

De qualquer forma, a cachaça é uma criação genuinamente nacional, tanto que, em 1996, foi legitimada, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, como um “produto tipicamente brasileiro”. 

“ nestes quase 36 anos de trajetória no Rio de Janeiro, podemos dizer que a cachaça vem conquistando, dentro e fora do país, o reconhecimento merecido como uma bebida de qualidade. E, com isso, ganhando novos públicos. ”
Eveline Sidi
Sócia da Academia da Cachaça
Da marginalização ao estrelato

De acordo com a Euromonitor International, a cachaça representa mais de 72% (em volume) do mercado de destilados no Brasil. De marginalizada a produto prestigiado internacionalmente, atualmente, o Brasil exporta a cachaça para cerca de 70 países. No ano passado, foram vendidos 7,33 milhões de litros da aguardente para o exterior, gerando um faturamento de US$ 9, 5 milhões para o setor, e os principais países importadores, em valor, foram: Estados Unidos (23,42%), Alemanha (13,99%), França (11,86%), Paraguai (10,79%) e Itália (5,37%). Segundo Meirelles, “temos uma bebida exclusiva e de muita qualidade, comprovada nos maiores concursos de destilados do mundo, sempre ganhando em primeiro lugar junto aos melhores destilados Europeus”.

A antiga fama de bebida de baixa qualidade está ultrapassada, devido à evolução do produto nos últimos anos, com garrafas que chegam a mil reais. “A exigência do consumidor está cada dia maior e os produtos também melhorando a cada dia, com cachaças de muita qualidade e muito tempo de envelhecimento, agregando valor sensorial e financeiro”, conta o mestre alambiqueiro. 

Ingredientes

• 200 g paçoca de amendoim
• 200 ml de uma boa cachaça branca (sugestão usada na casa: Cachaça Rochinha Prata)
• 200 ml de licor de cacau
• 20 g (1 colher de sobremesa) de farofa de amendoim
• 500 g de gelo (24 pedras de gelo)

Modo de preparo

Coloque a paçoca, a cachaça, o licor de cacau, a farofa de amendoim e o gelo no liquidificador e misture bem. Sirva em um copo, acrescentando uma pedra de gelo. 

Eveline Sidi, sócia da Academia da Cachaça, acompanhou de perto esta mudança de pensamento e a valorização do nosso destilado. “Sem dúvida, nestes quase 36 anos de trajetória no Rio de Janeiro, podemos dizer que a cachaça vem conquistando, dentro e fora do país, o reconhecimento merecido como uma bebida de qualidade. E, com isso, ganhando novos públicos. Temos orgulho de fazer parte desta conquista.”

No estabelecimento, que conta com uma carta de mais de 100 marcas selecionadas entre as melhores do Brasil, Sidi conta que além da dose “purinha”, a receptividade por drinques à base da cachaça é maior. “A cachaça é uma bebida bastante versátil pela riqueza de cores, aromas e sabores provenientes das diferentes madeiras usadas no armazenamento. As combinações com frutas, xaropes, ervas e outros ingredientes são ilimitadas e, hoje, cada vez mais utilizadas nos bares.” Com isso, além da nossa aclamada caipirinha, a cachaça pode render coquetéis e batidas com o suco ou polpa de variadas frutas. Para acompanhar, Sidi sugere caldinho de feijão como a melhor dupla, mas também é válido carne de sol, linguiça artesanal, e petiscos como queijo coalho, pasteizinhos e aipim frito. Deu até água na boca, né? Então, aproveite que 13 de setembro é Dia Nacional da Cachaça, e aprecie esta nossa criação nacional – com moderação!

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