Segredos Paulistanos
- Turismo
- abril de 2022
Escondidas ou expostas, as icônicas atrações culturais de São Paulo estão espalhadas por toda a capital paulista e proporcionam experiências únicas aos visitantes
O céu cinzento da grande São Paulo pode encobrir as cores e histórias de uma cidade rica em cultura. De fato, os mais de 1,5 milhão de km² escondem vivências artísticas fascinantes: ao ar livre ou em espaços pictóricos. Em meio às intermináveis ruas e avenidas, a principal metrópole do Brasil traz lugares inesquecíveis que garantem experiências únicas — sejam para turistas ou para os próprios habitantes.
A imensidão paulistana é fruto de um transbordar de múltiplas culturas por conta das várias ondas migratórias e imigratórias nos séculos XX e XXI. Por isso, nas ruas de São Paulo encontram-se tantas histórias e diferentes tradições; exemplo disso é o bairro da Liberdade, conhecido por acolher a maior comunidade japonesa do mundo fora do Japão.
Visitas em São Paulo pedem tempo para conhecer os traços coloridos deste “labirinto místico”, como descreve Criolo em sua música “Não Existe Amor em SP”. Alguns lugares são indispensáveis para tornar a estadia na capital memorável: de “rolês” gastronômicos a passeios em museus.
São mais de 110 parques, mais de 110 museus, mais de 50 complexos de cinemas, 120 teatros e diferentes opções de cultura espalhadas por toda extensão territorial da capital paulista. Uma das protagonistas no Sudeste do Brasil, São Paulo é, certamente, um expandir artístico e cultural.
Bairro da Liberdade
No centro da capital está o bairro da Liberdade, que conta com uma arquitetura inconfundível que remete à cultura oriental do leste asiático. Repleto de narrativas, o local abriga imigrantes chineses, coreanos, tailandeses e tawaineses; isso sem contar a história do povo africano, que “fundou” o bairro.
Passar pelas ruas do bairro da Liberdade é mergulhar em diversas culturas, a começar pelas múltiplas opções de restaurantes típicos de diversos países orientais. Nele, é possível encontrar variedades de tempurá, yakissoba, temaki, pastel etc. Entre os principais restaurantes, estão: Hinodê, Yamaga e Kenzo Sushi, Lámen Kazu, Lámen Ikkousha, Porque Sim, Thai Chef, Thai E-San e Sweet Heart.
Para os fãs de doces, a confeitaria tradicional japonesa, Wagashi, traz doces artísticos com açúcar moderado e influência da China e Portugal. Outra opção para os doceiros é Yogashi, também confeitaria japonesa com referências ocidentais.
Além de se deliciar com os diferentes tipos de culinária da Liberdade, alguns lugares não podem ficar fora do roteiro, como o Museu Histórico da Imigração Japonesa. Como o nome sugere, o local apresenta detalhadamente a história da chegada dos japoneses ao Brasil a partir de objetos pessoais, diários, pinturas, livros, roupas e documentos.
Duas igrejas no bairro são ótimas para esmiuçar a arquitetura paulistana; a Igreja Nossa Senhora dos Aflitos e a Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados, construída onde ficava uma cruz em homenagem ao soldado Chaguinhas, executado no local.
Refúgio no meio do bairro, o Jardim Oriental tem um paisagismo belíssimo com uma arquitetura que remete aos costumes orientais. Templos budistas e centros de meditação também estão entre as experiências da Liberdade. Os karaokês tradicionais, as artes de ruas e as lojas das mais diversas categorias — com itens (incluindo produtos orientais tradicionais) e ótimos preços — completam as atrações das ruas do bairro.
Importante para fortalecer a cena da música brasileira independente, São Paulo abriga alguma das casas de shows mais tradicionais e modernas do Brasil, além das várias sedes do Sesc, que também trazem apresentações ao vivo. Com programações diversas, os espaços recebem artistas e bandas de diferentes locais do país. Dentre as principais, estão:
• Cine Joia
• Casa Natura Musical
• Centro Cultural São Paulo
• Audio
• Espaço das Américas
Avenida Paulista
Caminhar na Avenida Paulista é uma aventura cultural completa, especialmente aos domingos e feriados, quando as ruas fecham para o movimento de carros, permitindo apenas o ir e vir dos pedestres. Os quase três quilômetros de extensão da belíssima avenida trazem prédios de riqueza arquitetônica, espaços culturais, museus clássicos e muito mais.
Logo no início, próximo à estação Paraíso, da linha-2 do metrô, existem clássicos lugares como a Casa das Rosas, projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, a Japan House, centro cultural do governo japonês, e o Centro Cultural Coreano. Nos mesmos arredores, também é possível visitar o Itaú Cultural e o Sesc Avenida Paulista, os quais contam com uma programação cultural que abrange diversas manifestações artísticas: música, cinema, teatro etc.
Pouco depois da metade da longa quilometragem da avenida está o famoso MASP (Museu de Arte de São Paulo), um dos mais importantes do mundo. Dentre as obras permanentes, encontram-se produções de artistas históricos tais como Candido Portinari, Manet, Van Gogh, Victor Brecheret, Monet, Degas, Anita Malfatti, entre outros.
Em frente ao museu está o Parque Trianon, um refúgio de áreas verdes em meio ao caótico barulho da Avenida Paulista. Próximo ao parque, tem-se o Conjunto Nacional, uma das primeiras construções da avenida, considerada o primeiro shopping center da América Latina. A conhecida (e enorme) Livraria Cultura faz parte das lojas que compõem o conjunto.
Ipiranga
Próximo à badalada Vila Mariana, o Ipiranga é um dos bairros mais antigos e tradicionais de São Paulo, lembrado principalmente por abrigar o Museu do Ipiranga. Fundado em 1822, o bairro é parte da história cultural brasileira, visto que é o local onde D. Pedro I proclamou a independência do país em relação a Portugal.
O Parque da Independência é uma ótima experiência na capital paulista. Inaugurado em 1989, guarda elementos históricos da Independência do Brasil como os belos jardins inspirados nos de Versalhes, o Monumento à Independência, a Casa do Grito, além do museu que leva o nome do bairro, o qual é parte do conjunto arquitetônico. O Museu da Zoologia e o Sesc Ipiranga também podem complementar a experiência cultural no local.
Não foram os imigrantes japoneses os responsáveis pelo nome Liberdade para o bairro paulistano. A luta está ligada aos negros, e à memorável presença de Chaguinha ou Francisco José das Chagas, militar negro que liderou uma revolta contra os atrasos de salários da categoria. Julgado, foi condenado ao enforcamento.
Na Praça da Forca, atual Praça da Liberdade, Chaguinha foi enforcado. Embora as pessoas que assistiram tenham implorado pela libertação, o militar foi morto e o corpo enterrado no Cemitério dos Aflitos, primeiro cemitério público da cidade de São Paulo, fundado em
3 de outubro de 1775.
O famoso centro de SP
O centro de São Paulo engloba uma gama de registros sociais e vivências culturais, como o icônico Mercado Municipal e sua grandiosa arquitetura, boa comida e ambiente encantador. Nele, além das barracas de alimentos, há diversas opções gastronômicas e o famosíssimo “pão com mortadela”.
Para as compras, ou apenas pela curiosidade de conhecer o maior polo de comércio da América da Latina, a Rua 25 de março conta com milhares de lojas, das mais diversas categorias, e tudo com um preço extremamente mais baixo se comparado ao mercado nacional. Em um cenário pré-pandemia, o local recebia cerca de 500 mil pessoas diariamente devido às boas alternativas de compra.
Nas portas da estação de metrô São Bento, localizada na linha-1 azul, está o Mosteiro de São Bento, que marca o Centro de São Paulo e o local de fundação da cidade; um ponto histórico encantador. Seguindo pelas ruas próximas ao local, é possível visitar o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), que com uma belíssima arquitetura, revisita o início do século passado da Belle Époque Paulista, de influência francesa. O CCBB também apresenta uma programação cultural exclusiva com peças teatrais, exposições e mais.
Durante a visita ao centro, o Pateo do Collegio, prédio histórico responsável por marcar o início de São Paulo, é uma parada obrigatória. O local é conhecido por ser onde os jesuítas buscavam a canonização dos indígenas. Embora não se tenha muito da primeira construção, atualmente o espaço conta com a Igreja São José de Anchieta, Museu Anchieta, Museu de Arte Sacra dos Jesuítas, Biblioteca Padre Antônio Vieira e Café do Pateo. Ao lado, está o Solar da Marquesa de Santos, que expõe parte do acervo do Museu da Cidade de São Paulo.
Para aqueles que gostam de uma vista de cima, os mirantes são uma opção certeira. Os dois principais estão localizados no centro; o Edifício Martinelli, o mais alto de São Paulo e da América Latina, inaugurado em 1929 e com um terraço impecável para os visitantes; e o Farol Santander, cartão-postal da capital localizado no edifício Altino Arantes, que tem 35 andares e 160 metros de altura, garantindo uma vista panorâmica da cidade.
Uma passadinha na Praça da Sé e na Catedral da Sé também é essencial, visto que o marco zero da capital paulista está na praça em frente à igreja. Além dos pontos turísticos, sebos, lojas clássicas, igrejas históricas, artes de rua e diversas opções gastronômicas são encontradas em meio ao centro de São Paulo.
Ainda no centro, vale uma visita ao Theatro Municipal de São Paulo, inaugurado em 1911. Inspirado na Ópera de Paris, com fachada em traços renascentistas e barrocos, é uma referência artística nacional e traz uma programação cultural magnífica ao longo do ano. É só conferir as atrações no site do local e bater as datas.
Quase uma atração turística, o famoso “pão com mortadela” do Mercado Municipal de São Paulo, localizado no centro da capital, é uma das opções indispensáveis em uma visita à cidade.
Curiosamente, turistas do mundo todo vão ao local única e exclusivamente por conta do clássico prato paulistano. O pão francês pode contar com mais de 300 gramas do embutido e há muitas opções de acompanhamento como cheddar, cebola etc.
2 Comments
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