Sambas pela cidade do Rio de Janeiro
Muito importante para a cidade, o samba é cultuado de várias formas na capital carioca. Confira um guia com casas dedicadas ao estilo musical
Por ser a terra em que o samba tradicional (de acordo com livro “Dicionário da História Social do Samba”, de Nei Lopes e Luiz Antonio Simas) se criou, a cidade do Rio de Janeiro é repleta de marcos que remetem ao ritmo, e é e foi palco de vários grandes sambistas com o passar das décadas. Não à toa, são dezenas de casas e rodas de samba tradicionais espalhadas por toda parte.
Sambistas gigantes, como Noel Rosa, Cartola, Beth Carvalho, Jorge Aragão, Arlindo Cruz e João Nogueira, nasceram no Rio de Janeiro, assim como os integrantes da primeira formação do grupo Fundo de Quintal, que surgiu no Cacique de Ramos.
A história do estilo musical e dos músicos que representam essa cena se manifesta de diferentes formas pela capital carioca. Pensando nisso, a Levare fez um guia com casas que são dedicadas à celebração do samba. Confira:
Samba próximo à Tamarineira
Cacique de Ramos (@cacique_de_ramos) é um bloco de carnaval, mas também é roda de samba. Reconhecido como patrimônio cultural em 2005, ele é um dos elementos mais importantes do samba carioca.
O bloco e a roda de samba são presenças garantidas em músicas e homenagens de escolas de samba, tamanha a importância do Cacique para o estilo musical.
Tudo começou com o encontro de grupos carnavalescos do bairro de Ramos, na Zona Norte do Rio, há mais de 60 anos. A roda de samba acontece aos domingos, na quadra do bloco no bairro da Olaria. No terceiro domingo de cada mês, acontece a tradicional feijoada.
No Cacique, surgiram nomes como Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Jorge Aragão e os grupos Fundo de Quintal e Bom Gosto.
Próximo à quadra do Cacique de Ramos, fica a famosa Tamarineira, citada em canções do Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho e em sambas-enredo. A árvore é considerada um amuleto para os integrantes do bloco.
Lar de Chiquinha Gonzaga
No clima de boemia da Lapa, está o Beco do Rato (@becodorato), umas das casas de samba mais tradicionais do Rio de Janeiro. O beco, aos pés da ladeira de Santa Tereza, está ao lado dos Arcos da Lapa e próximo à famosa Escadaria Selarón.
A casa tem uma decoração que homenageia grandes nomes da história do samba, além das origens africanas do estilo musical. Na sua programação, o Beco do Rato mescla nomes consagrados e novos sambistas cariocas.
Antes de se tornar o Beco, a história do lugar já era ligada a grandes personalidades da música. No mesmo local, já viveram artistas como Chiquinha Gonzaga e Madame Satã.
Atualmente, grandes representantes do samba se apresentaram no espaço. Entre eles estão Luiz Melodia, Ubirany (do Fundo de Quintal), Toninho Geraes, Zé Luiz do Império, Moacyr Luz e Beth Carvalho.
Casarão na Gamboa
O Trapiche Gamboa é um casarão com um pé-direito altíssimo, onde as rodas de samba acontecem como nos antigos terreiros. O espaço é um sobrado do século XIX e está em um dos bairros que fazem parte da história do samba, a Gamboa.
Com os músicos bem próximos ao público, o samba acontece em uma mesa no centro do ambiente. O som é acústico e o local tem um grande espaço para quem deseja dançar. Apresentações de jongo e chorinho também podem ser apreciadas por lá.
Localizado na região portuária do Rio de Janeiro, o casarão foi um trapiche que armazenava produtos de navio que aportavam na rua da praia.
Antiguidades junto ao samba
Mais um espaço na Lapa, o Rio Scenarium (@rioscenarium) começou como um antiquário especializado em locações de objetos para filmes e novelas. Foi então que, em 2001, passou a ser uma casa de shows de música brasileira.
No espaço, um casarão do século XIX, o público encontra sete ambientes, além de uma decoração com móveis e objetos antigos. É uma combinação de antiguidades, bar, restaurante e música.
O ambiente já foi sede da gafieira Clube Humaitá de Dança em outros tempos. Na casa, não toca apenas samba, mas também outros estilos tipicamente brasileiros, incluindo MPB, forró e gafieira.
História, samba e religião
Monumento histórico e religioso do Rio de Janeiro, a Pedra do Sal (@pedradosaloficial) fica no Saúde, um dos bairros que fazem parte da história do samba na cidade. No mesmo local, está, também, a Comunidade Remanescentes de Quilombos da Pedra do Sal.
No passado, sambistas como Pixinguinha, Donga, João da Baiana e Heitor dos Prazeres se reuniam no local. Hoje em dia, eventos com samba são realizados na Pedra do Sal, das sextas às segundas-feiras, preservando a tradição. Toda segunda-feira, inclusive, acontece a roda de samba, realizada ao ar livre em uma mesa próxima à pedra.
Marquês de Sapucaí no bar
No bairro Maracanã e próximo às quadras da Vila Isabel, Mangueira e Salgueiro e da Marquês de Sapucaí, o Baródromo (@barodromo) é um bar com decoração que lembra desfiles de escolas de samba.
O lugar conta com um acervo de fotos, fantasias, alegorias e adereços originais que fizeram parte de grandes enredos do carnaval. Por lá, acontecem rodas de samba, feijoadas, festas e eventos de blocos e escolas de carnaval.
Várias personalidades ligadas ao ritmo passaram pelo local, como Monarca, Neguinho da Beija-Flor, Selminha Sorriso, Laila, Nelson Sargento, Leandro Vieira, Tia Surica, Martinho da Vila e Toninho Geraes.
Os petiscos do Baródromo levam o nome de pessoas como Milton Cunha, além de os pratos serem intitulados por enredos famosos do carnaval.
Samba do Trabalhador
Batizado de “Samba do Trabalhador”, a roda acontece em plena segunda-feira, o que não impede que ela esteja sempre lotada. A escolha da data tem um motivo: o idealizador do evento, o sambista Moacyr Luz, pensou nos músicos que trabalham todo fim de semana e criou algo para que eles pudessem se divertir.
O repertório conta com clássicos do estilo musical de diferentes épocas. A roda acontece no Renascença Clube, no Andaraí, e é comandada pelo Moacyr.