“Ordem Vermelha: Filhos da Degradação” eletriza o leitor com universo complexo e assombroso [RESENHA]

 “Ordem Vermelha: Filhos da Degradação” eletriza o leitor com universo complexo e assombroso [RESENHA]

Capa de “Ordem Vermelha: Filhos da Degradação”. (Foto: Divulgação)

O primeiro volume de “Ordem Vermelha” apresenta personagens icônicos e uma fantasia satisfatória; a continuação chegou em dezembro

Em 2017, o autor brasileiro Felipe Castilho lançou, pela editora Intrínseca, a primeira obra da sua duologia “Ordem Vermelha”, que contou com co-criação de Rodrigo Bastos Didier e Victor Hugo Sousa. Pertencente ao gênero de fantasia, a obra é surpreendente e conquista os leitores por sua dedicação aos mínimos detalhes e por suas características tão singulares.

Neste ano de 2023, após seis anos, “Filhos da Degradação” ganhou finalmente a sua sequência, “Crianças do Silêncio”. E, para quem ainda não conhece a duologia, a LEV mostra, por meio da sua resenha, o porquê vale tanto a pena ler esta história.

História de Ordem Vermelha

A verdade mais honesta é que Felipe Castilho cria um universo tão complexo em “Ordem Vermelha: Filhos da Degradação” que é um desafio – e até uma certa ousadia – tentar resumir em poucas palavras. No entanto, para convidá-los a se jogar nesta leitura, tentaremos fazer isso, respeitando os muitos detalhes que o autor traz nesta fantasia.

Inicialmente, o leitor conhece um novo mundo, que tem como localidade principal a cidade Unthreak, onde vivem diferentes raças: kaorshs, sinfos, humanos, anões, gnolls e gigantes (que é uma raça praticamente extinta). Por lá, há um sistema fortalecido em nome de uma deusa, Una, para que a sociedade continue funcionando por meio da crença de que ela é um ser absoluto e bondoso.

Tudo que é feito na cidade é para a adoração de Una. E as violências são sempre justificadas por meio da deusa para que a cidade continue em seu pleno e violento (e aniquilador) funcionamento. Existem, contudo, alguns seres que não concordam com este modo de governo, e chegam a crer que é um sistema falido, desigual e injusto. É o caso das kaorshs Raazi e Yanisha, por exemplo, que têm o objetivo de desafiar a deusa e todo o sistema.

Com essa premissa, a história de “Filhos da Degradação” começa a se desenrolar. Sempre com muita atenção aos detalhes, o livro mescla a descrição e a narrativa para que o leitor consiga praticamente se sentir um cidadão de Unthreak.

Personagens icônicos

Ao longo da narrativa, o leitor se aproxima, especificamente, de dois personagens: o humano Aelian e a kaorsh Raazi. Os dois têm personalidades um tanto diferentes, mas ambos têm problemas com o sistema de Unthreak e querem enfrentá-lo.

Aelian ainda tem muito a aprender no que diz respeito a lutas e a combates, mas se vê frente a novos desafios quando decide ouvir seu “chamado” interno que clama por justiça. Já Raazi é uma guerreira nata, disposta a batalhar por tudo o que acredita. Além disso, ela é uma amiga fiel e atenta para com aqueles que são os seus aliados.

Para evitar spoilers, não descreveremos os outros personagens, mas o grupo improvável de heróis que se une ao perceber as incoerências e as ilegalidades de Unthreak é excepcional. O leitor se apega com as particularidades de cada um deles e torce pelas amizades que vão se construindo durante a narrativa.

Universo complexo e assombroso

Um dos principais destaques do livro, senão o principal, é a criação deste novo mundo fantástico. Felipe Castilho não deixa a desejar nos detalhes, fazendo com que o leitor embarque em uma jornada por este universo e se veja envolvido na história da sociedade de Unthreak.

Sejam as raças, as narrativas que compõem o todo, os personagens, as lendas relacionadas à deusa, há um aprofundamento necessário – tudo é muito bem-desenvolvido. Para transformar a experiência do leitor ainda mais significativa, há tanto um glossário quanto um mapa que ajudam o público a ir se localizando e entendendo as minúcias deste novo mundo.

Castilho cria características singulares para este universo de fantasia (dos problemas sociais às tradições das raças), mas não deixa de descrevê-los com profundidade para que a leitura desperte sentimentos e sensações exclusivos em relação à narrativa.

É fato que “Ordem Vermelha” não é uma fantasia rasa e com pontas soltas. O autor trabalhou muito bem para que os muitos personagens e as muitas narrativas façam sentido dentro da obra. Há um excelente desenvolvimento, e esta obra renderia outras diversas histórias, sejam spin-offs, produções audiovisuais, etc. Afinal, este universo complexo tem muito a ser explorado. Não à toa, ganhou uma continuação.

Outros destaques de Ordem Vermelha

Quem gosta de boas sequências de ação, certamente vai amar “Ordem Vermelha”. As lutas são intensas e aparecem com frequência, agitando a leitura e tornando a narrativa ainda mais emocionante. Cenas de tensão também são constantes, eletrizando o leitor com diversos momentos angustiantes.

Outro acerto de Castilho é que ele sabe como deixar a leitura fluida, mesmo com tantos detalhes. Em geral, os parágrafos são curtos, o que facilita o dinamismo da história. Os capítulos também não são longos, e estão divididos em três partes.

Fantasia que a vale a pena!

Ordem Vermelha” é aquele tipo de fantasia que o leitor quer devorar do começo ao fim. E cada detalhe desta história pulsante consegue deixar o público envolvido com o que virá a seguir. Uma grande aposta da Intrínseca e um excelente acerto de Castilho. Sem dúvidas, uma leitura que tem muito a oferecer. Uma indicação da LEV!

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