Dicas para curtir um Rio de Janeiro além das praias

Nana Caymmi cantou que Copacabana era a princesinha do mar. O calçadão de pedras portuguesas em branco e preto, com o desenho inspirado nas ondas do mar, faz a praia mais famosa do Brasil ser uma das mais lembradas em todo o mundo. É um ponto quase obrigatório para quem visita o Rio de Janeiro, assim como o Cristo Redentor, o Pão de Açúcar, as praias de Ipanema, Leblon e Barra da Tijuca, os arcos da Lapa, o Museu do Amanhã e a escadaria Selarón.

A cantora Fernanda Abreu disse em uma de suas canções que o Rio 40 graus é “uma cidade de cidades camufladas”. E dentro da segunda maior área urbana do Brasil, ou próximo a ela, existem muitos locais ainda pouco conhecidos pelo grande público. São praias, ilhas, cachoeiras e até um castelo que merecem a atenção de quem quer desfrutar o que a cidade e o estado do Rio têm a oferecer de melhor.

Na cidade do Rio de Janeiro

Dentro da capital fluminense, a Ilha Fiscal, na Baía da Guanabara, faz parte do Complexo Cultural da Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM). Cenário do último baile do Império, o local conta com o Torreão que tem um relógio alemão em quatro faces e o piso, feito com 14 tipos de madeiras brasileiras, forma um mosaico. A Galeota de D. João VI, conhecida como Galeota Imperial, é uma embarcação de pequeno porte, movida a remos que servia à Família Real Portuguesa, sendo o novo atrativo do lugar que pode ser visitado ao longo de todo o ano.

Na rua Luís de Camões, no centro da cidade, o Real Gabinete Português de Leitura é uma biblioteca pública fundada em 1837. Ele tem a mais valiosa e maior biblioteca de obras de autores portugueses fora de Portugal. O acervo de cerca de 350 mil volumes já foi todo informatizado. Algumas obras raras estão na biblioteca, entre elas a edição “princeps” de “Os Lusíadas”, de 1572, que pertenceu à “Companhia de Jesus”; as “Ordenações de Dom Manuel” por Jacob Cromberger, editadas em 1521; os “Capitolos de Cortes e Leys que sobre alguns delles fizeram”, editados em 1539. Ainda estão no local manuscritos autógrafos do “Amor de Perdição”, de Camilo Castelo Branco e o “Dicionário da Língua Tupy, de Gonçalves Dias, além de centenas de cartas de escritores.

Ainda no centro é possível visitar a primeira residência oficial da Família Real Portuguesa no Brasil (Paço Imperial), o Teatro Municipal, o Museu Nacional de Belas Artes e o Cais do Valongo, um sítio arqueológico considerado patrimônio mundial pela Unesco. No local funcionava o maior porto de escravos da História.

No morro do Vidigal, junto ao morro Dois Irmãos, o Bar da Laje é um lugar para quem quer comer, beber e apreciar uma das vistas mais lindas da cidade maravilhosa. Prepare a câmera fotográfica, pois a paisagem é deslumbrante.

Dentro do Parque Nacional da Tijuca, está a trilha da Pedra Bonita. Distante cerca de 6 quilômetros da Praia de São Conrado, 13 de Ipanema e 17 do centro da Barra da Tijuca, o local tem rampa para voo de asa-delta ou parapente. Se você não quiser saltar, mas só apreciar a vista dos quase 700 metros de altura, já compensa o esforço.

Já no bairro da Gamboa, está a Fábrica Behring. O prédio de seis andares já foi uma fábrica de chocolate, chegando a fornecer os produtos para a família imperial do Brasil. Também foi uma torrefação e moagem de café. Contudo, desde 2010 é um local de arte e cultura. Com mais de 15 mil metros quadrados, abriga cerca de 80 ateliês de arte.

E por falar em arte e cultura, o Centro Cultural Parque Glória Maria (antigo Parque das Ruínas) fica no bairro de Santa Teresa e tem uma bela vista do centro da cidade e da Baía de Guanabara. A programação gratuita conta com teatros infantis, exposições, música e muito mais.

Na zona oeste da capital, está a Ilha da Gigóia. Repleta de bares e restaurantes, a ilha que fica na Lagoa da Tijuca, no bairro Jardim Oceânico, tem uma vista sensacional. Para quem está na região central ou zona sul da cidade, pode seguir de metrô até a estação Jardim Oceânico e depois fazer a travessia com uma embarcação até o local.

Petrópolis

Localizado na cidade de Petrópolis, o Castelo de Itaipava foi construído em 1920 pelo Barão J. Smith de Vasconcellos. É famoso por ser uma reprodução de castelo renascentista, projetado pelo arquiteto Lúcio Costa e seu amigo Fernando Valentim, que fazem dele o único castelo em estilo medieval com um toque normando clássico das Américas. O lugar já serviu de locação para novelas e hoje em dia funciona como hotel e restaurante de alto padrão.

Outro local para visitar é a cachoeira Véu da Noiva. A queda d’água com aproximadamente 32 metros de altura fica no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. A trilha de caminhada da entrada do parque até a cachoeira é de cerca de 3 quilômetros. O paredão com a queda d’água é ideal para os amantes de rapel. O poço não é profundo e propício para mergulho.

Cabo Frio

Em Cabo Frio, maior município da região dos lagos no estado do Rio de Janeiro, está a Ilha do Japonês, um paraíso ecológico dentro do Parque Estadual da Costa do Sol. Bem perto da praia do Forte, a mais frequentada da cidade, a ilha tem águas rasas e calmas, perfeita para relaxar. Ao redor estão a Caverna dos Escravos, Praia Brava, Mirante do Papagaio, Farol da Lajinha e Praia Fofa, acessados por trilhas para caminhadas ecológicas, preferencialmente sob orientação de guias de turismo ou condutores ambientais. Quando a maré está baixa é possível atravessar da praia até a ilha caminhando. Com a maré alta é preciso ir com alguma embarcação.

Um estado formado por cidades grandes, pequenas, praias, montanhas, floresta, história, cultura, festas, músicas e sorrisos. Seja em locais mais conhecidos ou naqueles menos visitados, é como diz a canção de Gilberto Gil: “O Rio de Janeiro continua lindo” e com certeza ficará gravado na memória e no coração.

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