Os encantos de Beagá
Planejada para ser a “cidade do futuro”, a capital mineira Belo Horizonte combina cultura, vida boemia, gastronomia e alguns dos cartões postais mais bonitos do Brasil
Destaque em aspectos como arquitetura, arte, culinária, boêmia e até mesmo no futebol, Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, junta características de ser a sexta maior metrópole do Brasil, com mais de 2,5 milhões de habitantes, com a encantadora simpatia mineira, que abraça quem chega de fora, fazendo com que todos se sintam acolhidos na charmosa “BH” – ou “beagá”, como os belo-horizontinos carinhosamente apelidaram a cidade.
Próxima de completar 125 anos de fundação, Belo Horizonte – no início chamada de Cidade de Minas – foi um dos primeiros municípios planejados do país, com um projeto inspirado em algumas das mais modernas cidades do mundo à época, como Paris e Washington. O engenheiro e urbanista Aarão Reis tinha como propósito planejar a “cidade do futuro”.
Assim, em seu início, BH primava pelos espaços abertos, como praças, parques e avenidas arborizadas e largas, que até hoje encantam belo-horizontinos e visitantes. Com o passar dos anos, a cidade ganhou museus, espaços artísticos e complexos esportivos, além de ser a “capital mundial dos botecos”, com mais de 14 mil bares que agitam a vida noturna (e vespertina) e fazem valer o lema “já que Minas não tem mar, eu vou pro bar”.
Arquitetura e história na Pampulha
Um dos mais famosos pontos turísticos de BH, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha foi inaugurado, em 1943, ao redor da Lagoa da Pampulha. Projeto de responsabilidade do arquiteto Oscar Niemeyer, em parceria com o paisagista Roberto Burle Marx, foi um pedido particular de Juscelino Kubitschek, então prefeito de Belo Horizonte e, posteriormente, presidente do Brasil.
Patrimônio mundial reconhecido em 2013 pela Unesco, o projeto original engloba a Igreja de São Francisco (Igrejinha da Pampulha), o Iate Clube, a Casa do Baile, o Cassino da Pampulha, transformado no Museu de Arte da Pampulha na década de 1950 por iniciativa do empresário de comunicação Assis Chateaubriand, e um hotel, que nunca chegou a ser finalizado.
O local abriga, ainda, a Casa Kubitschek, que, além de ser um exemplo de arquitetura modernista, foi projetada, na época, para ser a residência de fim de semana de JK, preservando, assim, a memória do ex-presidente. A orla de 18 quilômetros em volta do lago é muito visitada pela população para atividades físicas enquanto se observa uma das mais belas paisagens da capital mineira. Há, também, a opção de passeio a bordo de uma jardineira da década de 1950, com um guia turístico que apresenta as histórias e curiosidades da Pampulha.
Entre os destaques da região está o Jardim Zoológico da Fundação de Parques Municipais e Zoobotânica. Fundado em 1959, o zoológico é um importante espaço de lazer e educação ambiental da cidade, com aproximadamente 3 mil animais de mais de 250 espécies, entre répteis, aves, anfíbios e mamíferos.
Dentro do zoológico está instalado o Aquário do Rio São Francisco, com cerca de 3 mil metros quadrados e que retrata a vida da Bacia do São Francisco. Com 1,2 mil peixes de 50 espécies, o espaço conta com 22 tanques. Uma curiosidade é que, no segundo piso, é possível observar os peixes por cima, fazendo com que o visitante se sinta como se estivesse às margens do rio.
Outra atração ambiental na região da Pampulha é o Parque Ecológico Francisco Lins do Rêgo. Inaugurado em 2004 e mais conhecido como Parque Ecológico da Pampulha, ele é resultado de uma recuperação ambiental. Com 30 hectares de áreas verdes, o parque é perfeito para quem quer praticar atividades físicas ao ar livre e até mesmo fazer um piquenique.
Localizado em Brumadinho, a 60 quilômetros de Belo Horizonte, o Instituto Inhotim foi idealizado em 2004 pelo empresário mineiro Bernardo de Mello Paz e está dentro da Mata Atlântica. No local, considerado o maior museu a céu aberto do mundo, está um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil, com obras de artistas como Vik Muniz, Hélio Oiticica e Ernesto Neto, com um acervo em constante crescimento. Outro destaque do lugar é o jardim botânico com 4,3 mil espécies em cultivo, com plantas exóticas e nativas. O lugar é aberto à visitação de quarta a domingo, com venda de ingressos e agendamento antecipado.
Cultura na Praça da Liberdade
Outro local de Belo Horizonte onde projeto paisagístico e arquitetura se unem é a Praça da Liberdade, no bairro Savassi. Construída no início da fundação de BH, a praça é situada no ponto mais alto da área inicial da cidade, e foi planejada para abrigar os prédios do Palácio do Governo e das primeiras Secretarias de Estado, com edifícios em estilos neoclássicos. Os jardins, que ocupam boa parte da praça, também chamam atenção e foram inspirados no Palácio de Versalhes, na França.
A região também é conhecida por abrigar um roteiro de museus e centros culturais, chamado Circuito Cultural Praça da Liberdade; todos eles com entrada gratuita. Talvez o principal edifício da história da cidade e construído para ser a sede e símbolo do governo mineiro, o Palácio da Liberdade é um cartão postal de Minas Gerais. A beleza da mobília e dos elementos decorativos trazidos da Europa chamam a atenção durante a visita guiada pelo seu interior.
Também feito para receber membros do governo mineiro, outro prédio que encanta os visitantes é o que tem em seu interior o Museu das Minas e do Metal. O museu conserva um grandioso acervo sobre mineração e metalurgia, duas das principais atividades econômicas do estado. Ao visitante, é apresentado o mundo das rochas e da extração mineral, com destaque para as lunetas apontadas para o chão, que mostram em detalhes os minerais que fazem parte do subsolo, uma espécie de “planetário às avessas”.
A história do povo mineiro é enfatizada no Memorial Minas Gerais Vale, outro museu alocado em um antigo prédio destinado ao uso de secretarias do estado. Feito a partir de materiais construtivos e decorativos importados, o memorial apresenta a rica história mineira desde o século XVIII até os tempos atuais.
Reconhecido como um dos principais programas da região, a visita ao Centro Cultural Banco do Brasil, instalado desde 2013 no edifício de seis andares que originalmente abrigava a Secretaria de Interior e Justiça, é imperdível. Um dos maiores espaços culturais do país, o CCBB de Belo Horizonte conta com duas salas de mostras permanentes, teatro, sala multiuso, além de ambientes de convivência, praça de alimentação e lojinhas com produtos à venda.
O circuito cultural também conta com a Casa do Patrimônio Cultural de Minas Gerais, o Espaço do Conhecimento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o Edifício Rainha da Sucata, a Casa Fiat de Cultura, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, o Arquivo Público Mineiro, o Museu Mineiro, o Centro de Arte Popular Cemig, a Academia Mineira de Letras, o Centro Cultural Minas Tênis Clube e o BDMG Cultural.
A comida mineira é amada nacionalmente e experimentá-la – junto com uma cerveja gelada – em um dos milhares de bares, botecos e restaurantes espalhados pelos bairros de Belo Horizonte é uma experiência imperdível para quem está de visita na cidade. Confira alguns lugares que não podem faltar em uma tour gastronômica por BH:
• A Pão de Queijaria (Rua Antônio de Albuquerque, 856, Savassi)
• Dona Lucinha (Rua Padre Odorico, 38, Savassi)
• Maria das Tranças (Rua Estoril, 938, São Francisco)
• Xapuri (Rua Mandacarú, 260, Trevo)
• Glouton (Rua Bárbara Heliodora, 59, Lourdes)
• Chopp da Fábrica (Av. Otacílio Negrão de Lima, 2733, São Luiz)
• Bar do Antônio (Rua Flórida, 15, Sion)
• Salumeria Central (Rua Sapucaí, 527, Floresta)
• 222 (Rua Francisco Deslandes, 222, Anchieta)
• Agosto Botequim (Rua Esmeralda, 298, Prado)
Outros lugares para conhecer em BH
Na região central também está o Mercado Central, um lugar perfeito para fazer uma imersão pelo verdadeiro espírito belo-horizontino. Ponto de encontro da cidade, nesse espaço estão reunidos tradição e contemporaneidade. Nas mais de 400 lojas instaladas no local, é possível encontrar quase tudo do que é produzido em Minas, como peças de artesanato, queijos, cachaças, doces e temperos marcantes.
Próximo de lá, a cerca de um quilômetro da Praça da Liberdade, mais precisamente em frente à avenida Afonso Pena, está o Parque Municipal Américo Renné Giannetti. Inaugurado em 26 de setembro de 1897, o parque é o patrimônio ambiental mais antigo de Belo Horizonte.
Com uma área de 182 mil metros quadrados e com um representativo ecossistema de árvores centenárias e mais de 100 espécies de pássaros registradas, o local abriga o Teatro Francisco Nunes, o Orquidário, um pequeno parque de diversões e a parte dos fundos do Palácio das Artes – o maior centro de formação, produção e difusão cultural de Minas Gerais.
Admirar BH em todo o seu esplendor é o que faz o Mirante do Mangabeiras ser tão procurado. Lá do alto, é impressionante a vista de Belo Horizonte, com a Serra do Curral como moldura. Uma boa pedida é ir até o mirante no fim da tarde para contemplar o pôr do sol da capital mineira.
Outras áreas de lazer perfeitas para curtir um fim de tarde em contato com a natureza em BH são os vizinhos Parque da Mangabeiras, com jardins, fontes e carpas nos espelhos d’água, e o Parque da Serra do Curral, com trilhas, espaços de convivência e dez mirantes de onde se pode apreciar Belo Horizonte por novos ângulos.
Na região da Pampulha, estão duas praças esportivas das mais importantes do Brasil e que levam Minas Gerais no nome: Mineirão e Mineirinho. O primeiro, inaugurado em 1965 e oficialmente chamado Estádio Governador Magalhães Pinto, é um dos principais estádios do país e casa do Atlético Mineiro e do Cruzeiro. Também chamado de “Gigante da Pampulha”, em 2003, o Mineirão foi tombado pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural Municipal e, em 2014, foi uma das sedes da Copa do Mundo.
Ao lado, está o ginásio poliesportivo Estádio Jornalista Felippe Drummond, o Mineirinho. Inaugurado em 1980 com o status de maior ginásio da América Latina, tem capacidade para 25 mil pessoas e, desde então, já recebeu diversos shows de artistas internacionais e nacionais além de inúmeros eventos esportivos.
